Ainda vale a pena seguir Cristo?

Texto de João Patrício

Vivemos num tempo em que ser católico é uma proposta desafiante. Em tempos, era comum e até muito bem visto pela sociedade. Toda a gente ia à missa, raramente alguém faltava e se tal era logo consultada para justificar tal falta! Eram outros tempos…

Agora, vemos a coisa de outra perspetiva: cada vez vemos menos gente a participar na eucaristia, muita gente deixa de ir sabemos lá nós porquê e outros até se dizem agnósticos. Alguns jovens ainda se vão mantendo fiéis ao percurso catequético até ao 10º ano, mas depois disso “crismou-se, pisgou-se.” Outros ainda têm um trabalho ativo na paróquia até se cansarem dizem eles. Esta é a realidade pura de várias paróquias que bem conhecemos. Mas afinal se o Cristo é o mesmo, se Jesus é o mesmo, como é que há não poucos anos tínhamos Igrejas cheias e seminários cheios e agora parece que já nos esquecemos do que é isso?

Pois bem, podemos dizer que só o Espírito Santo é que sabe e “ele não dorme”. Contudo, sabendo bem da realidade da Igreja, ainda vale a pena seguir Cristo? Ainda existem jovens que se atrevem a “deixar tudo e segui-Lo.”? (Lc 5, 11)

A realidade é que são muito poucos aqueles que se entregam na sua totalidade ao Amor de Deus. Mas o mais importante é que ainda existem! Isto é mais que motivo de alegria! Ainda existem jovens que se sentem chamados e aceitam o desafio de seguir Cristo independentemente de tudo! Apoiando-nos agora na mensagem do nosso Bispo, D. António Couto para a Semana de oração pelos Seminários, podemos ler que: “Aquele que é assim chamado e enviado por Deus é uma nova criatura, vive dessa alegria nova e dá testemunho dessa maneira nova de viver. Não tem de demonstrar nada. Apenas mostrar e testemunhar. Seja onde for. Seja a quem for. Mostrar Jesus.” É isto que os jovens de hoje têm de fazer: mostrar Jesus seja onde for!

            Não devemos ter medo quando Ele nos chama. Se temos a certeza que Ele nos chama nada nos vai faltar. Podemos andar perdidos, sem rumo ou sentido, mas Ele dá-nos uma certeza: estará lá qual Pai misericordioso à espera do seu filho para o abraçar e fazer festa com ele. Esta é uma grande certeza que Jesus nos deixa, não nos vai abandonar! E se não nos abandona, que precisamos mais para Lhe dizer sim?

            Pode parecer uma loucura esta de seguir alguém que morreu numa cruz. Mas ao mesmo tempo que parece uma loucura, esta loucura começa a transformar-se em necessidade, e se for para ser louco que sejamos loucos como Jesus. Que seja esta a nossa meta. Se vale a pena seguir este louco que deu a vida por mim na insensatez de uma cruz? É mais que certo que vale a pena! Pois, “Tu, Senhor, segundo isso, foste «o mais louco dos homens», pois inventaste essa insensatez da cruz! Senhor! Ensina-me que essa insensatez é a tua prudência, e dá-me tal amor à tua pessoa para que seja eu também outro louco como Tu.” Pe. Pedro Arrupe